[...]
Um dia jogarei
um punhado de palavras
no rosto do seu silêncio
e sairei correndo
para o esconderijo
da criança que fez arte. [...]
(Alaôr
Scisínio)
***
Ao
plantarmos com carinho
as roseiras, meu amor,
não nos lembramos do espinho
porque pensamos na flor.
(Alberto Valle)
***
A prosa de Euclides da Cunha não
busca metáforas para descrever, em Os sertões, o
que foi
a dantesca luta brasileira para conseguir a sua
formação.
A narrativa de Euclides é dura; é verdadeira;
é
pujante e terrivelmente humana.
(Aloysio
Picanço)
***
Quero
que me ensines
mais sobre o pôr-do-sol,
sobre o canto dos pássaros
e o sussurrar do vento nas folhas;
mais sobre o mar encrespado,
sobre os filhotes dos peixes nos rios
e sobre a neblina em cascata
descendo pela encosta das montanhas. [...]
(Ana Laura)
***
[...]
Um dia, diante dos céus,
direi apenas:
— Tudo inútil.
AH! Senhor! Eu também fui culpado,
mas minhas mãos estão virgens!
(Angelo Longo)
***
[...] Ir,
cavalgando a brisa pelo espaço,
levar, a
quem precisa, o meu abraço
e
distribuir calor, fé amizade...
Propagar
a ternura como um som,
dar aos
males a cura e ter o dom
de
reimplantar o Amor na Humanidade!
(Antônio Soares)
***
É
noite, ventos passeiam,
agitam plantas aquáticas,
as águas tremem, anseiam,
em mensagens telepáticas.
(Apparecida
Picanço)
***
Inviabilidade
Hoje eu desejaria dizer de sentimentos
abafados. Hoje eu desejaria as suas mãos. E as minhas,
leves,
mergulhadas nessa boniteza de cabelos brancos. Hoje eu desejaria a
suavidade de sua voz. E coragens nunca havidas. [...]
(Branca Eloysa)
***
Nos quintais baldios,
flores tristes, tão vadias,
fingem primavera.
(Carlos
Rosa Moreira)
***
Devaneios...
ilusão...
A primeira namorada,
o bater do coração
na hora de ser beijada
(Carlos
Tortelly)
***
Paragens
místicas
Naquelas
paragens
onde se encontram
o rio, as montanhas
e o mosteiro,
um silêncio místico,
o austero cantochão das monjas
e um misterioso sentimento de eternidade...
(Celso Furtado
de Mendonça)
***
Oh, as estrelas... splendor
Dei!
Milenares.
Nas remotas alturas, misteriosas,
pulsam.
Pontinhos cintilantes,
as estrelas azulecidas,
flóreas guirlandas de
miosótis.
Cenário bordado pelos
arcanjos e anjos
no jardim safira do céu.
(Edel
Costa)
***
Sabemos
o quanto é difícil
selecionar; quanto é aflitivo julgar os mais aptos e quanto
é agastadiço evitar os incapazes. [...]
(Edmo
Lutterbach)
***
Uma
flecha de amor avança no
espaço.
Seguindo em frente, corta o vento,
atravessa gerações, rompe a memória.
Numa prova de coragem, enfrenta o tempo.
Flutua
sobre florestas, mares, jardins.
Cavalo arisco, não mostra fadiga, segue eterna na procura do
céu.
Leva, numa passagem, o presente, o passado e o futuro.
Corta frutos, flores e colméias, deixando um rastro doce de
mel.
[...]
(Emerson Rios)
***
[...]
a beleza está na
preguiça do sol reticente
que se aproxima discretamente para admirar a areia [....]
(Franci
Machado Darigo)
***
Gostaria
de assinar
uma trova que ao meu jeito
dissesse, sem vacilar,
das coisas do amor perfeito.
(Fernando
Elviro Costa)
***
A
vida tem seus encantos,
ninguém pode desdizer,
mas os problemas são tantos...
Difíceis de resolver.
(Gercy
Pinheiro de Souza)
***
[...] Aquela noite de setembro tinha
uma temperatura
agradável e um luar propício a
reflexões. Vendo
aquela lua cheia, solta no espaço, tão clara que
S. Jorge
quase falava comigo, lembrei-me do sujeito: “O senhor
não
acredita, ninguém acredita”. O reflexo do luar na
água, agitada pelo toque de minha mão, parecia
fazer
coro: “não acredita em milagre, ninguém
acredita”. E o milagre estava diante de mim. A lua flutuando
solta no espaço, tanto quanto as estrelas e os astros, isso
era
o milagre. [...]
(Gilson
Rolim)
***
[...]
Quando a deusa da noite enfim se
alteia
e tudo de alvo resplendor prateia,
eu penso em ti.
Mas bem depressa de meu sonho acordo
e, em soluços e lágrimas, recordo
que te perdi.
(Henrique G.
Serpa Pinto)
***
[...] Pena que a tarde em fuga,
no horizonte pleno,
não leve consigo
as saudades minhas,
aliviando dores e tensões...
Pois, como as tardes
que vão e voltam intermitentes,
também a saudade vai e vem.
Apenas, no regresso irreverente,
ela é mais forte, ela é maior,
bem maior, bem mais impertinente.
(Herval
Tavares)
***
[...]
O verso que quero escrito ainda
não nasceu. É óvulo. [...]
(Hilda da
Silva)
***
Para
sentir levezas, louco intento!
tomei nas mãos um raio de luar.
Levinho, era tal qual o pensamento
de um anjo, se o pudesse sustentar. [...]
(Horácio
Pacheco)
***
Candelabro,
iluminaste,
meus dias! Que glórias viste!
Agora és um velho traste
nas noites de um velho triste.
(Jacy Pacheco)
***
Rasguei
a glória de trabalhos
velhos,
despi brocados que me dera um rei,
trouxe na voz cantares de evangelhos
e cultivei as flores que vos dei. [...]
(Jorge Loretti)
***
Quando
eu era pequenino,
um reinado imaginava.
Na inocência do menino
nesse reino eu governava.
(Jorge
Picanço)
***
[...]
As flores tomavam a cidade de
assalto. Surgiam em todos os cantos. Até nas paredes e
telhados
das casas abandonadas da Rua Velha. Os jardins das
residências,
das praças, ruas e parques regurgitavam, exibindo grande
variedade de formas e cores. Os passarinhos, também eles
flores,
que voam, completavam o cenário da
primavera-verão.
(José
Alfredo de Andrade)
***
Navego
o teu corpo
com rebuliço de estrelas
nas noites de mim.
(José
Inaldo Alonso)
***
[...]
Não é verdade que
estou só
se a amorável condição me restitui,
mesmo aos pedaços,
as lembranças,
vagas lembranças
de quem simplesmente
apertei
a mão.
(José
Lívio Dantas)
***
Eis
que o destino descobre
a sorte que Deus me deu:
ninguém na vida é mais pobre
nem mais feliz do que eu.
(Latour
Arueira)
***
[...] Disse alguém que houve
tempo em que a música estava no centro de tudo. Sem
dúvida, eram tempos mais felizes, em que a
família se
congregava em saraus musicais.
(Lauro Gomes
de Araújo)
***
De
manhã bem cedo,
garnisé esganiçado
desafina o dia.
(Leda Mendes
Jorge)
***
[...]
Quero apenas um beijo,
com gosto de agora,
refratário à saudade. [...]
(Leir Moraes)
***
Complete
a ternura:
tire os espinhos da rosa
antes de ofertá-la.
(Luís
Antonio Pimentel)
***
Ah!
O tempo, o tempo...
Meu retrato de criança,
como envelheceu.
(Lyad de
Almeida)
***
No
circo vazio,
no apagar das luzes,
no balanço do trapézio,
as mãos não se encontram
no momento do salto.
(Márcia
Pessanha)
***
Tuas
mãos disseram tanto
quando apertadas nas minhas,
que emudecemos de espanto
e as mão falaram sozinhas.
(Manita)
***
[...] Os ventos da Internet iam levando
aos mares nunca dantes navegados. Mares eletrônicos.
Ciberespaciais. E algumas palavras demoravam semanas. Outras, meses.
Era preciso checar as fontes do romance. Reexaminar as
soluções. Transportar para o português.
Quando
chegava a palavra perfeita, só restava dizer: Terra! Terra!
[...]
(Marco
Lucchesi)
***
No
poema de amargura
que reli nos olhos teus,
vi parte da desventura
que tu roubaste dos meus.
(Maria Moura
da Costa)
***
[...]
Depois de te perder pelas vielas,
eu te encontrei em meio das procelas,
na mais linda varanda dos meus sonhos.
(Milton
Loureiro)
***
[...] Possuo
o insondável
mistério
realizo
o impossível.
(Neide
Barros Rêgo)
***
Docemente
De
início
não estou à vontade
no ofício;
escuto o rock`in`roll,
envelheço docemente,
espreito espinhos
ao fim da noite.
(Paulo Roberto
Cecchetti)
***
Devaneios... são segredos
da mocidade perdida.
São os melhores brinquedos
que inda me restam na vida.
(Raul de
Oliveira Rodrigues)
***
[...] Há um fantoche anoitecido
que me lança pedaços de passado
e dança
sobre meus cabelos brancos.
(Renato
Augusto Farias de Carvalho)
***
[...] As engrenagens do mundo material
não conseguirão sufocar a teimosa
recriação
da existência. Como Fênix renascendo das cinzas do
pessimismo, no canto do amor maior, uma ave de esperança
surgirá, insuperável, inimitável,
inconfundível: persona.
(Roberto
Santos)
***
[...]
Parabéns aos professores,
alunos, comunidade.
Sempre como pregadores
na cultura da amizade. [...]
(Salvador Mata
e Silva)
***
Felicidade
é um rio
que vai sempre e nunca volta;
é algo escorregadio
que, mal se agarra, se solta.
(Sandro Rebel)
***
[...] Velhos marujos, que
faço
para salvar das procelas
este fardo de saudades,
maior do que minha escuna,
pouco menor do que o mar,
(saudades que carreguei
do Golfo de Maracaibo,
por onde nunca passei...)
Velhos marujos, dizei:
Que faço para as salvar?
Onde as desembarcarei?
(Sávio
Soares de Sousa)
***
Gostaria de rasgar todos os autores
pessimistas. Não pode haver pessimismo quando há
gratidão e generosidade. Para minha felicidade;
(Togo de
Barros)
***
Se
eu pudesse ser árvore, quisera
ser acácia, descabelada, desfraldada no ar como bandeira.
Flores
amarelas, folhas perdidas, flores saídas do tronco musgoso,
rugoso, que é dos moleques e das cigarras. [...]
(Vera de Vives)
***
Canção
à lua
A
lua dos meus sonhos
não é o Sol da demência,
nem a Lua de Armstrong.
É a lua de Volta Redonda.
Lua das ruas saudosas,
dos amores que passaram,
lua dos violões seresteiros.
Lua das madrugadas
perfumadas de jasmins.
Lua que me levou,
Um dia,
ao coração de Maria.
(Wanderley
Francisconi)
***
Tintas
e traços
Tonto
de tanta tinta,
atento que meu intento tem múltiplos tons.
Trato de traçar outros traços,
riscar espaços com giz e carvão.
Só então pressinto: não o fiz em
vão.
(Wanderlino
Teixeira Leite Netto)
***
Quebra-se
o ovo da noite.
A primeira claridade
é brando linho, prenuncia aurora. [...]
(Xavier Placer)
***
Vento
brejeiro
O
vento passeia leseiro
entre flores perfumadas,
deixa um quê de brejeiro,
também um toque de mágica.
Vem a chuva, um chuveiro,
cantar em minha vidraça,
canção de névoa, de sonho,
descompasso feiticeiro,
que vem, inunda e passa.
(Yara Vidal)
***
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